Cenário Atual


A revolução tecnológica ocorrida nas últimas cinco décadas, acabou com cinemas nas principais cidades do interior e na capital baiana. Sítios históricos em cidades centenárias como Porto Seguro, Canavieiras, Ilhéus, Valença, Cairu, Nazaré, Cachoeira, São Félix, Santo Amaro, Lençõis, Rio de Contas e Salvador, entre outras na Bahia, estão se degrandando em função da precariedade dos imóveis.

Na capital do estado não é diferente, a própria Coordenação de Defesa Civil (Codesal), contabiliza 111 casarões em alto risco de desabar em bairros como Barbalho, Carmo, Centro Histórico, Comércio, Dois de Julho, Nazaré, Santo antonio e Saúde.

Em geral, as moradias de valor histórico e arquitetônico apresentam infiltrações nas paredes e tetos, assoalhos apodrecidos, fiações elétricas expostas, fachadas danificadas com despreendimento de rebôco, alvenarias comprometidas, ferragens expostas e oxidadas, além de rachaduras. É uma situação muito triste diante de tanta história.

Os investimentos para atividades culturais têm se resumido basicamente em festividades de rua, como as das padroeiras dos municípios, São João, São Pedro, que mais modificam as tradições do que mantém costumes seculares.

Tanto o Ministério da Cultura como a Secretaria Estadual de cultura, além das Secretarias Municipais de Cultura, têm muita dificuldade de financiar e traçar metas para resgatar o civismo nas datas como dois de julho e sete de setembro. Conservar tradições diante da explosão da rede mundial de computadores e da escassez ou má gestão dos recursos públicos, não é nada fácil.

Menos TV e (muito) mais internet. Menos clubes recreativos e mais universidades. Menos livrarias e mais museus e bibliotecas. Em dez anos, os municípios brasileiros tiveram mudanças consideráveis na utilização dos chamados equipamentos culturais e meios de comunicação, de acordo com a mais recente pesquisa sobre o Perfil dos Municípios Brasileiros - Gestão 2009 (Munic), do IBGE.

A análise do percentual das atividades culturais presentes nos municípios mostra crescimento de espaços públicos em detrimento dos núcleos particulares de entretenimento.


Exemplo é que, nesse período, segundo pesquisa do IBGE, cerca de 10% dos clubes recreativos, espécies de redutos tradicionais de classe média alta, desapareceram em boa parte do País. Isso significa que nos últimos anos muitas famílias deixaram de frequentar esses espaços de lazer, esporte e cultura. Com a mudança de hábitos, muitas dessas instituições entraram em decadência e perderam terreno para outros espaços de convivência. 

Mais bibliotecas, menos livrarias

Outro dado apontado pelo IBGE é que em dez anos houve queda de 21% do número de municípios com livrarias. Em 1999  eram 35,5% e hoje elas só existem em 28%. Os dados, porém, não indicam uma possível retração do mercado editorial do País, mas apontam que outras formas de distribuição, como internet e supermercados, podem ter pulverizado as vendas de livros neste período, segundo o instituto.

Fato é que o crescimento de bibliotecas públicas, impulsionado por uma política de universalização por parte do governo federal, foi de exatos 22,1%. Isso significa que, hoje, 93,2% das cidades brasileiras possuem ao menos uma biblioteca. Houve expansão também no número de cidades com teatros e museus, embora estes só cheguem a 21,1% e 23,3% dos municípios, respectivamente. Já os cinemas estão hoje presentes em 9,1% dos municípios – eram 7,2% há dez anos.

Houve também aumento significativo do número de unidades de ensino superior, que praticamente dobraram entre 2001 e 2008: de 19,6% para 38,3%. A proporção, no entanto, ainda é menor do que a de clubes.

No período os brasileiros tiveram mais acesso, em suas cidades, a atividades esportivas. Em 86,7% dos municípios existem atualmente estádios ou ginásios esportivos, número que era de 65% há dez anos. A tendência, de acordo com o instituto, é que eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas ampliem o número desses espaços nos próximos anos.

Já o número de videolocadoras, presentes em 63,9% dos municípios em 1999, atingiu 82,4% em 2006 e entrou em declínio nos três anos seguintes. Hoje estão presentes em 69,6% das cidades. Segundo o relatório, o fenômeno pode ser explicado em razão da convivência com outras formas de acesso aos vídeos e filmes (televisão por assinatura e internet). A mesma reversão recente ocorre com as lojas de CDs, fitas e DVDs, segundo o estudo.

A pesquisa do IBGE aponta que o aumento no número de equipamentos ocorreu principalmente nas áreas mais empobrecidas do País, onde muitos dos municípios não tinham nenhum ou apenas um equipamento cultural: em 1999, 21,7% encontravam-se nessa situação, reduzindo para 5,5% em 2009. Entretanto, aponta o IBGE, “são ainda as regiões mais desenvolvidas onde existe uma maior incidência de infraestrutura cultural, sendo esta incidência também mais significativa nos municípios de maior porte populacional”.

A pesquisa permitiu identificar, segundo o relatório, uma na infraestrutura cultural que evidencia um “forte traço audiovisual no País”.

Saveiros

Tempos atrás, cerca de 1.400 desses barcos cruzavam a Baía de Todos os Santos. Hoje não passam de 20.